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ESPÉCIES EXÓTICAS INVASORAS

    Espécies exóticas são organismos que foram introduzidos de forma voluntária ou involuntária, em uma área onde esse não são endêmicos, já as espécies invasoras são aquelas que, quando introduzidas em um ambiente, se adaptam e reproduzem-se de maneira agressiva, ocupando o espaço de espécies nativas e causando alterações nos processos ecológicos naturais, tendendo a dominar aquele ambiente após um período específico para sua adaptação (ZILLER, 2000). A invasão biológica de plantas causa interferência no desenvolvimento das espécies nativas, podendo ocasionar extinções de nível local à regional, descaracterização e homogeneização de ecossistemas, alteração nos ciclos ecológicos, alterações no regime de incêndios naturais e o rebaixamento do lençol freático (ZILLER & DECHOUM, 2007). A problemática da invasão está relacionada ao fato de que tais plantas não são consideradas espécies prejudiciais pelas pessoas que fazem o seu cultivo.

    Ao longo do tempo, o homem introduziu uma vasta gama de espécies exóticas em atividades de reflorestamentos, agrícolas e de urbanização, as quais se estabeleceram devido a sua maior adaptabilidade e rápido crescimento. Espécies exóticas invasoras possuem grandes vantagens competitivas frente às nativas, pois apresentam a vantagem da ausência de predadores locais, além de se depararem com a vulnerabilidade dos ambientes degradados devido a inúmeros fatores (i. e. mudanças no uso do solo, destruição e fragmentação de hábitats, mudanças climáticas globais). Consequentemente, diferentes processos ecossistêmicos (i.e. ciclagem de matéria, fluxo de energia, dinâmicas competitivas entre espécies) são alterados, causando problemas às espécies nativas presentes nas comunidades (ASNER et al., 2008; IPONGA; RICHARDSON, 2008). Os problemas ambientais causados pela invasão biológica não se amenizam com o tempo, eles se agravam à medida que as plantas exóticas tomam o espaço das nativas (ZILLER, 2001).

   A invasão de ecossistemas naturais por espécies exóticas é considerada atualmente a segunda maior ameaça mundial à biodiversidade, antecedida pela fragmentação de habitats (ZILLER & DECHOUM, 2007). O Brasil possui a maior diversidade de plantas no mundo, possuindo dois hotspots de biodiversidade reconhecidos como prioritários para a conservação, o Cerrado e a Mata Atlântica (MYERS et al., 2000). Porém, no Brasil são observados processos de invasão biológica por espécies exóticas em todos os biomas (ZENNI & ZILLER, 2011). No Cerrado grande parte da invasão biológica ocorre por gramíneas nativas da África, as quais foram introduzidas como forrageiras para a criação de gado. A espécie de palmeira Archontophoenix cunninghamiana é disseminada na Mata Atlântica por ação de produtores de palmito, o que gera grande preocupação, já que a introdução dessa espécie pode vir a causar perdas na biodiversidade nos remanescentes da Mata Atlântica (MATOS & PIVELLO, 2009).

    Ferramentas e estratégias para se evitar a dispersão de espécies exóticas são quase inexistentes no Brasil, o que consequentemente gera dificuldades de manejo e controle dessas (MATTHEWS, 2005). Porém, no ano de 2006 foi instituída no Brasil a Câmara Técnica Permanente sobre Espécies Exóticas Invasoras, a qual tem como objetivo proporcionar processos e estratégias, como abordagens precatórias, educação e sensibilização pública, contra os impactos negativos gerados pela invasão biológica por espécies exóticas (DECHOUM, 2010).

LITERATURA CITADA

Por: Ualefe César

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